domingo, 28 de dezembro de 2008

Colônia dos Rotschild e somente dos Rotschild



Brasil Divida Pública  até 1934
BRASIL  -  Colônia de Banqueiros
  Gustavo Barroso
Aos Brasileiros que já leram peço que releiam... Aos brasileiros que não leram a obra de Gustavo Barroso Brasil – Colônia de Banqueiros  ″a divida pública assumida até 1934” PEÇO LER... para entenderem como e porque... o Brasil ficou de cabeça para baixo.  Até nossos dias, nenhum político teve a intenção, interesse, ousadia, em VIRÁ-LO de cabeça para cima, consertando a expropriada e desgastada República Brasileira.

Os brasileiros devem guardar bem guardada a lembrança da data: – 12 de janeiro de 1825. Nesse dia, os banqueiros puseram o pé sobre o nosso corpo, passamos a pertencer-lhes e durante mais de cem anos para eles trabalhamos. Nathan Mayer Rotschild! Este nome está preso a toda a engrenagem financeira mundial do começo do século.
Os negociadores desse pacto, Barbacena e Itabaiana, eram íntimos e se tratavam em carta por amigo do coração. O primeiro fora acreditado plenipotenciário do Brasil na
 Grã- Bretanha.
Os brasileiros humildes, brancos, caboclos, negros e mestiços, unidos como nos gloriosos dias da guerra holandesa, haviam derramado seu
sangue no Genipapo, em Itaparica e em Pirajá. Os brasileiros chamarrados de ouro fizeram as combinações diplomáticas, os pactos de família e as negociatas de dinheiro...  Cinco anos mais e batíamos de novo, o que era fatal, humildes, ansiosos, dilacerados de lutas e dívidas, à porta de  Thomas Wilson e de Nathan Mayer Rotschild.
Tínhamos sido uma colônia dos Rotschild e somente dos Rotschild, porque, pelas operações feitas subseqüentemente às contratadas com outros banqueiros, eles haviam monopolizado todas as nossas dívidas.
Desperta Brasil,
 “adormecido eternamente em berço Esplêndido”,
desperta e caminha! Já é tempo de fazeres
retinir e retilintar as tuas algemas, amedrontando os que te vendem
ainda os que te têm comprado.
primeira hipoteca das receitas das Estradas de Ferro Sorocabana e Ituana,
das Estradas de Ferro do Estado, suas oficinas, mercadorias, sítios e privilégios.
segunda hipoteca das rendas da Sorocabana e da Ituana,
penhorou a taxa de exportação do café, em 1921, hipoteca da taxa sobre o café  ao combinado Rotschild, Baring, Schroeder
garantido pela primeira hipoteca do imposto de transmissão de propriedades e heranças, até 1950.
até 1956 com  hipoteca do serviço de águas e,esgotos.
hipoteca do imposto de transmissão de propriedades e heranças, até 1968.
todos os impostos estaduais.
e lá no fundo o judeu de bocarra
escancarada, lambendo os beiços... Ó, Brasil gostoso, com
Comissão de Constituição e de Finanças, com João Ramalho
e a Constituição de 1891, e tudo o mais! ...
Ó, Brasil bom
para pagar juros entra ano sai ano, chova ou faça sol!
Brasil do Jeca opilado e desesperançado que diz
com o seu sorriso fatalista:
- É, plantando dá!
Ele sabe que dá e só planta o estrito necessário para não
morrer de fome. O seu instinto de primitivo lhe diz que o que
ele plantar a mais será para Rotschild, o poder colossal! de
além dos mares.
Tragédia monstruosa do pobre povo brasileiro!
No Brasil, os governos passaram a explorar o povo e reduziram os
cargos da administração, de um dever de servir,
na verdade, ao povo, a uma oportunidade para vantagens
pessoais. No exterior, os banqueiros, em nome
do nosso país e, jogando com o crédito e a honestidade proverbial
do nosso povo, exploravam os prestamistas ingênuos,
obtendo dinheiro, parte do qual repartiam, de um lado,
entre si, e dooutro, com autoridades e representantes do
governo do Brasil. Para beneficio do povo, quando ia, ia uma
insignificância. O povo pagava os impostos, e a força armada,em
nome dalegalidade, era induzida a manter nos postos do governo
homens de caráter duvidosos. Do exterior os
banqueiros faziam circular a noticia de que, se o país
não pagasse as suas dívidas, teria as suas alfândegas ocupadas
pela força armada das nações dos credores estrangeiros.
No meio de tudo isso, o povo parecia marchar
para a degeneração dos valores morais. Parecia acovardar-se
diante da mais infantil ameaça.
LEIAM!

Nacionalismo e esquerdismo nas Forças Armadas

No momento, para a esquerda, o "perigo" americano continua  ainda mais ameaçador do que no passado e tem um endereço: a Amazônia, com sua rica biodiversidade e jazidas de minérios raros, como o nióbio. Os militares foram chamados a "defender" a região amazônica contra a "cobiça internacional", especialmente depois de o presidente da França, François Mitterrand, e o ex-presidente da União Soviética, Mickail Gorbachev, terem afirmado que "a Amazônia é um patrimônio da humanidade". Como resultado dessa nova política de segurança nacional, muitas unidades do Exército foram deslocadas do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro para a região amazônica, depois da onda de revanchismo contra as Forças Armadas promovida pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, quando familiares de terroristas comunistas como Carlos Lamarca e Carlos Marighela foram premiados com indenizações milionárias, os militares brasileiros estão se sentindo acuados, muitos sendo demonizados pela imprensa - que é totalmente controlada pelas esquerdas -, acusados, sem provas, de terem sido torturadores durante o "regime militar". Enquanto isso, a esquerda se aproveita de episódios internos e externos para "revigorar" o nacionalismo dos militares, especialmente quando se trata de incutir neles um sentimento antiamericano renovado e redobrado. Isso pode ser exemplificado por três fatos recentes: o repúdio ao ingresso do Brasil na ALCA, a discussão sobre a permissão de os norte-americanos utilizarem ou não a Base de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, e a Guerra no Iraque, iniciada em março de 2003 pela coalizão anglo-americana para desalojar Saddam Hussein do poder.

Assim, está aumentando, ultimamente, a influência da esquerda nas Forças Armadas, especialmente entre os militares mais jovens, que não presenciaram os violentos "anos da matraca" e hoje estão sendo domesticados pela mídia em geral, como micos adestrados, tendo seus cérebros lavados pela "Grande Mentira" propalada pela esquerda, qual seja: a de que ela, a esquerda, lutou nos anos de 1960 e 70 para derrubar a ditadura militar e implantar a democracia no Brasil. Sabemos que isso não corresponde à verdade, pois todos os grupos terroristas atuantes naquela época, marxistas das mais diversas linhas, como a soviética, a cubana, a chinesa e a albanesa, queriam implantar em nosso País a ditadura do proletariado. Ou seja, o comunismo, nunca a democracia. Se muitos dos militares brasileiros já têm sua opinião pré-formada pela mídia esquerdista no dia-a-dia, o que dizer daqueles militares que freqüentam as universidades - hoje em grande número, não só oficiais, mas também sargentos – onde convivem com a nata da intelectualidade marxista?

Com a criação do Ministério da Defesa, em 1999, finalizou-se o cerco às Forças Armadas, que perderam expressão política quando os antigos ministros militares se tornaram meros comandantes de suas Forças singulares, sob ordem de um ministro civil. Ironicamente, essa manobra política foi praticamente uma imposição do Governo dos EUA ao Governo FHC, apoiada sem restrições pelas esquerdas brasileiras. Para os EUA, interessam Forças Armadas brasileiras subordinadas a um comando civil, como ocorre lá, para diminuir a chance de haver movimentos e golpes militares que ocorreram desde o início da República, em 1889. As esquerdas, por sua vez, preferem que as Forças Armadas brasileiras sejam totalmente domesticadas, preferencialmente dirigidas por uma ideologia de esquerda, para que se atenham à defesa externa e, internamente, sejam meras milícias populares subordinadas ao poder civil, sem nenhum poder político ou, pelo menos, que sejam inertes, inócuas, apolíticas e "legalistas" durante os embates ideológicos mais extremistas que vierem a ocorrer.
Enquanto isso, muitos militares da reserva, a exemplo de integrantes do Clube Militar, despendem suas parcas energias num sentimento antiamericano inútil e pueril. Enxergam suas excelências perigos ianques na Amazônia, quando o perigo real é o tráfico de drogas e o contrabando da flora e fauna locais. Temem esses generais que o Brasil perca sua autonomia se conceder um pedaço da base de lançamentos de foguetes de Alcântara aos EUA, como se nós perdêssemos a soberania nacional por termos sedes de embaixadas estrangeiras em Brasília, onde também não podemos entrar, a não ser como convidados. Enquanto isso, a Amazônia é espoliada e deixamos de receber 30 milhões de dólares anuais pela negação de Alcântara aos americanos. É o nacionalismo burro e xenófogo atuando a pleno vapor, já abordado pelo magistral Roberto Campos - o saudoso "Bob Fields" das esquerdas.
 Fonte:
Felix Maier

O Lorde do Brasil - Mário Garnero

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/351/economia/351_lorde_brasil...
Por Luiz Fernando Sá, 
Quarta feira, 26/05/2004 -  Enviado especial a Londres


Ele costurou em Londres projetos milionários, das finanças ao
petróleo. Para Mário Garnero, o mundo não tem fronteiras.


Eduardo Martino
GARNERO NO SAVOY Quartel-general de uma temporada
de pompa, poder e bilhões
Vizinho à sala do trono, o imponente salão de recepções do Palácio St. James, em Londres, foi, durante três séculos, o epicentro do poder do Império Britânico, aquele em que o sol jamais se punha. Se suas paredes – revestidas do mais fino veludo produzido na face da terra, bordejadas com frisos revestidos em ouro e decoradas com grandes telas a óleo retratando épicas vitórias militares inglesas, como a da batalha de Waterloo – falassem, revelariam ao mundo os bastidores do tempo em que, ali, gerações de soberanos elegiam quem era quem na nobreza que os cercava e definiam, com suas decisões, os destinos de, literalmente, meio mundo. Hoje, a rainha Elizabeth II vive e despacha do Palácio de Buckingham – a separá-los, apenas os jardins do Green Park – e os domínios do Reino Unido já não se estendem por tantas terras. As paredes do St. James, agora residência oficial do Duque de York (título oficial do príncipe Andrew, filho de Elizabeth e irmão de Charles, o herdeiro do trono) e palco dos mais concorridos eventos da realeza, porém, continuam a vislumbrar os fascinantes minuetos do poder e ainda teriam muito o que contar. Sua mais recente história teria como protagonista um certo brasileiro, que roubou a cena em um almoço oferecido por Andrew, na terça-feira 18. “Mário Garnero é um exemplo de como o Brasil pode liderar a aproximação comercial entre o Ocidente e os novos mercados do Oriente”, disse o príncipe à DINHEIRO ao final do banquete para cerca de 100 seletos convidados. Minutos antes, Andrew havia decretado, em alto e bom som, que cabia aos brasileiros “um papel estratégico no novo cenário das relações comerciais internacionais” e, usando Garnero como uma espécie de embaixador informal, avisado: “O Reino Unido quer caminhar cada vez mais próximo ao Brasil”.
"Entrei para o board em pleno Carnaval. Hoje sei do que Mário é capaz"
David Tang
Apresentado o cenário, nomeie-se as testemunhas. Andrew sagrou Garnero no dia em que o homenageado principal era o ex-presidente americano George Bush, o pai – os três ocuparam cadeiras vizinhas na mesa central. A poucos metros de distância, a ex-primeira ministra Margareth Thatcher, lendária Dama de Ferro britânica. Espalhada pelo salão, a elite da nobreza e dos negócios em cinco continentes, ostentado títulos de lordes e sobrenomes como Rothschild, Churchill, De Benedetti... Foi o fecho dourado para uma breve temporada de pompa, circunstância, poder e bilhões. Garnero comandou em Londres a reunião anual do Conselho Internacional do Brasilinvest, o banco de negócios que lidera cerca de US$ 3 bilhões de investimentos ao redor do mundo. Durante três dias, os melhores salões da corte britânica se abriram para a não menos impressionante corte de conselheiros do brasileiro. Bush pai, amigo dos Garnero há três décadas, não é membro do board, mas, como convidado especial, foi a estrela maior em um clube cujos sócios reúnem patrimônio que, somado, se aproxima dos US$ 20 bilhões. A tradicional família de banqueiros ingleses Rothschild, por exemplo, tem um assento lá, ocupado pelo jovem Nathanael, 38 anos, presidente do fundo Atticus, com US$ 3 bilhões em ativos. Os petrodólares do Oriente Médio falam pelas vozes do sheik Salman Bin-Khalifa Al Khalifa, vice-presidente da estatal petrolífera do Bahrein – cuja produção de óleo corresponde a três Petrobras --, e de Youssef Hamada Al-Ibrahim, ex-ministro das finanças do Kuwait. Rei da seda e sócio de um império no varejo de luxo, David Tang faz a ponte com a emergente China, nova fronteira dos negócios dos Garnero. Oleg Deripaska, russo de US$ 12 bilhões que lidera a produção mundial de alumínio, e Armen Sarkissian, ex-primeiro ministro da Armênia, abrem as portas para a riquezas do antigo bloco soviético. E é só o começo.

Hugh Thompson
BUSH NO PALÁCIO
“Espero que mais homens de negócios no mundo sigam o exemplo de Mário Garnero”

Seria uma Babel dos negócios, não houvesse a uni-los a linguagem universal das oportunidades e o magnetismo de Garnero. Todos lucram com a convivência. Conselheiros, não raro, viram parceiros em empreitadas milionárias. E, com seus dólares e prestígios unidos, fazem do conselho do Brasilinvest uma entidade multinacional da qual todo mundo quer se aproximar. Garnero colhe os louros por onde passa.
“Quando ele me convidou para participar do conselho, há alguns
anos, durante o Carnaval do Rio, não tinha idéia do que era o Brasilinvest”, conta o elétrico e bem humorado Tang. “Aceitei mais porque estava seduzido pelas mulatas, mas hoje sei do que Garnero é capaz. E ele leva o nome do Brasil com ele”. Bush, o amigo fiel, não cansa de disparar elogios ao brasileiro. Desta vez, repetiu a dose em pelo menos quatro diferentes eventos em Londres. No Palácio St. James, dividiu as honras reais com Garnero. “Espero que mais
homens de negócios do mundo sigam o exemplo de Mário e procurem construir parcerias internacionais pela prosperidade”, discursou. Ergueu sua taça e brindou.


"O Brasil tem papel estratégico no comércio
com o Oriente"
Príncipe Andrew
NA CASA DOS ROTHSCHILDNo restrito perímetro que concentra as propriedades reais no coração de Londres, uma única propriedade privada se destaca. Com suas linhas neoclássicas, inspiradas nos templos da Grécia antiga, a Spencer House é a única mansão londrina do século XVIII a permanecer intacta às ações do tempo e dos bombardeios sofridos pela cidade em duas guerras mundiais. Foi erguida a partir de 1756 pelo John Spencer, o primeiro de uma linhagem de condes. Fora da corte britânica, ninguém os conheceria, a não ser por uma de suas descendentes diretas, Diana Spencer, a Lady Di. Ela herdou a nobreza, mas não o palacete, que a família, com dificuldades financeiras, teve de vender no início do século passado. Hoje, o senhor da propriedade é Lorde Jacob Rothschild, pai do jovem Nathanael e decano da família de banqueiros mais influente dos últimos dois séculos, que a usa apenas em ocasiões especiais.

Eduardo Martino/Hugh Thompson
AO LADO DE CHURCHILL: Bush discursa no salão do hotel Savoy onde o ex-primeiro-ministro britânico (cujo busto está lá) reunia o The Other Club. Mais tarde, encontraria Winston, o neto (acima)
No domingo 16, Lorde Rothschild abriu as portas da casa no ensolarado fim de tarde de primavera. Serviu champanhe no terraço, diante da bucólica vista do Green Park. O sol se punha quando um arauto esmurrou o piso de madeira da biblioteca para atrair a atenção – assim manda a tradição da corte – e, com voz impostada, anunciou que era chegada a hora do banquete. Os convidados – o estelar elenco de conselheiros do Brasilinvest, acrescido de poucos convidados de Garnero (entre eles o governador de Minas Gerais, Aécio Neves) e de Rothschild (como Javier Valls Taberner, controlador do Banco Popular, o terceiro maior da Espanha) – foram guiados para o Great Room, no andar superior. Desfilaram por entre o mais completo acervo de mobiliário de época existente fora dos palácios reais e uma coleção ímpar de obras dos melhores artistas ingleses, com destaque para uma série de pinturas de Benjamin West cedida pela rainha. Para chegarem ao salão, cruzam portas emolduradas por colunas em estilo corinto em puro mármore grego, retirado das ruínas do antigo templo Erechteum. O mármore branco também abraça as esquadrias das janelas e dá acabamento à lareira. O teto, ricamente trabalhado, é réplica da capela de Greenwich, um dos orgulhos da arquitetura inglesa.

"Juntamos o melhor
de cada área em busca
dos melhores negócios"
Mário Garnero
Foi este o cenário do primeiro brinde, comandado pelo anfitrião. As taças de cristal da Bohemia ergueram-se para Bush e para Garnero. “Tenho-o como um quarto filho” , disse Rothschild referindo-se ao brasileiro. Na grande família das finanças internacionais, o lorde lembrou à DINHEIRO que tem outros irmãos no Brasil. “Há muito tempo tenho relações fraternas com os Safra”, contou. Lily, viúva e herdeira do banqueiro Edmond Safra, não perde a sua companhia quando está em Londres. Os laços de Rothschild se estendem por todas as direções. O magnata australiano da mídia Rupert Murdoch, por exemplo, o elegeu como tutor de seu filho James, de 31 anos, no comando da TV por satélite BSkyB. Entre a novíssima safra de bilionários russos, ele é quase uma unanimidade. Mikhail Khodorkovsky, do grupo petrolífero Yukos, apontou seu nome como uma espécie de chairman interino enquanto tenta livrar-se das acusações de fraude e sonegação que o levaram à prisão. Já Deripaska negocia com Rothschild o lançamento de um fundo para investimentos na Rússia. No jantar do domingo, o rei do alumínio sentou-se ao lado de Garnero. Queixou-se da dificuldade em obter mais bauxita no mercado internacional para ampliar sua produção. E segredou que sonhava com um projeto trinacional, envolvendo russos, chineses e brasileiros e que, em troca da bauxita, pode levar a qualquer país, inclusive ao Brasil, uma nova fábrica com investimentos de US$ 500 milhões.

continua...
Hugh Thompson
SURPRESAS
Al-Khalifa presenteia Bush com um relógio de US$ 50 mil (no alto); Evelyn Rothschild quase foi barrado no banquete do Duque de York

Terá surgido ali uma futura transação? Dará frutos aquele breve bate-papo no terraço em que o sheik Al-Khalifa disse, com todas letras, a Garnero que tem o maior interesse em qualquer negócio envolvendo a Petrobras? Nesse universo, conversas informais devem ser levadas a sério, assim como o jogo da diplomacia, explicitamente trabalhado na Spencer House. Ao final do jantar, Al-Khalifa entregou a Bush um presente. O relógio, cravejado de diamantes e com valor estimado em US$ 50 mil, era uma homenagem pelos 80 anos que o ex-presidente americano completa no dia 12 de junho. “Mas também um agradecimento por ter expulsado Saddam Hussein do Kuwait na primeira Guerra do Golfo, preservando os poços de petróleo da região”, disse o sheik à DINHEIRO. O local para a expressão de gratidão não podia ter sido melhor escolhido. A Spencer House ficou marcada na biografia de Bush como um de seus grandes palcos. O local serviu de cenário para uma histórica reunião de cúpula do G7, o grupo das nações mais ricas do mundo, em julho de 1991. O convidado especial era Mikhail Gorbatchov, líder da União Soviética. Ali, os dois líderes das superpotências encerraram de vez a era da Guerra Fria. Em dezembro daquele ano, Gorbatchov seria deposto e a União Soviética, desmantelada. “É como uma volta no tempo”, suspirou Bush.
Hugh Thompson
RODA DO PODER Andrew cumprimenta Thatcher diante
de Garnero, Aécio e Bush, ambos
com o broche de Minas
O CLUBE DE CHURCHILLA história caminha também pelos luxuosos ambientes do Savoy Hotel, quartel-general do Brasilinvest na reunião de Londres. Tromba-se com ela já na exclusiva ruela de acesso à imponente entrada – nas paredes do prédio, placas relatam passagens dos quase oito séculos que se passaram desde que, em 1246, Peter, o nono conde de Savoy, ergueu ali o seu palácio, “grande o suficiente para acomodar um exército inteiro”. Exatos 758 anos depois, um estado-maior corporativo instalou-se ali, com sua profusão de idiomas e temas. Na manhã da segunda-feira 17, o board do Brasilinvest reuniu-se em torno de uma grande mesa em forma de U. Colegas do conselho trocam experiências e falam de investimentos mútuos. O francês Marc Pietri – dono da Constructa, maior construtora da França -- é consultado sobre as últimas cotas de aplicação no Mary Brickel Village, empreendimento comercial e residencial de US$ 130 milhões no coração de Miami em fase final de construção. Oferece desconto para os presentes: só eles podem entrar com aporte mínimo de US$ 1 milhão, um terço do exigido no mercado. Há interessados. O sheik Khalifa anota tudo com atenção – projeto de US$ 1 bilhão para recuperação de uma área em São Paulo, ferrovias no coração do Brasil, lançamento de bônus ecológicos e ecoresort na Amazônia, sociedade com o megainvestidor George Soros para atuar no mercado de securitização de recebíveis no Brasil, US$ 250 milhões em hotéis em Cuba, um complexo turístico/empresarial em Santa Catarina... O cardápio dos projetos que passa por Garnero é extenso. E aumenta a todo minuto. Lado a lado estão o presidente da fábrica de artigos esportivos Head, Johan Eliasch, e a americana Georgette Mosbacher, dona de um império de cosméticos (Borghese) e spas avaliado em US$ 300 milhões. Um grupo de empresários escandinavos vem prospectar negócios na área de petróleo. O jovem financista Nicolas Berggruen – cujo grupo Alpha Investments and Management, com US$ 2,5 bilhões em caixa e aplicações em setores como bebidas e mídia – quer informações sobre o mercado de televisão no Brasil. Amigo de Jorge Paulo Lehman, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os donos da Ambev, ele foi o controlador do Media Capital, um dos maiores conglomerados de comunicação de Portugal. “Esse é o conceito do encontro”, explica Garnero. “Juntamos forças de diferentes áreas e mercados para localizar as melhores oportunidades de negócios.”
"As grandes oportunidades para o Brasil estão na
China e na Eurásia"
Mário Garnero
Na entrada voltada para as margens do rio Tâmisa, um comboio de Land Rovers movimenta a pacata viela. O séquito de seguranças desembarca primeiro. Em seguida, David Tang, Mário Bernardo Garnero, filho do anfitrião, e George Bush. Chegam de um seção de compras na Asprey’s, nova meca do consumo de luxo na cidade. A loja só seria inaugurada no dia seguinte, mas Tang conseguiu que o dono, Lawrence Stroll, a abrisse exclusivamente
para o grupo. A escolha era de Bush, a conta, um presente de Tang. O ex-presidente levou três echarpes, lembranças para a mulher Barbara, que ficou nos EUA. O almoço é em um dos salões do Sa-
voy. Bush senta-se à cabeceira, ao lado de Winston Churchill. Ele mesmo, o mítico primeiro-ministro que comandou a reação inglesa na II Guerra Mundial. Um busto de Churchill fazendo o sinal da vitória indica que sua alma está ali. Antes de ascender ao poder, ele caminhava os 500 metros que separam o Parlamento britânico do Savoy e reunia-se com seus pares para discutir a situação internacional. Naquela sala revestida de madeira nobre, fundaram o The Other Club, cujo ritual de chá e política se repete até hoje.
Às quartas-feiras, no final da tarde, os últimos remanescentes
do clube ainda se reúnem e mantêm mais essa tradição.


continua...

Eduardo Martino
REUNIÃO DO CONSELHO
Em torno do Brasilinvest, um
grupo de empresários com patrimônio somando US$ 20 bilhões

O SULTÃO DE
CADOGAN SQUARE
Nos três dias de eventos em Londres, Garnero dividiu o papel de anfitrião. Tang, amigo do príncipe Andrew, foi quem abriu as pesadas portas de madeira maciça do Palácio St. James – um evento tão exclusivo que Evelyn Rothschild, primo e ex-sócio do lorde das finanças, chegou a ser barrado na porta por não trazer documentos e só teve a entrada liberada por intervenção do empresário chinês. Nemir Kirdar – banqueiro de origem iraquiana cujo grupo Investcorp foi responsável pelo ressurgimento de ícones como Saks, Tiffany e Gucci e que tem US$ 2,7 bilhões investidos em empresas de vários continentes – comandou um jantar de gala na Two Temple Place, mansão vitoriana cujos ambientes preservam os mais finos trabalhos de artesãos e entalhadores em madeira do século XIX e que, sobre o telhado, ostenta detalhes manufaturados com o cobre retirado da caravela Santa Maria, da esquadra com que Cristóvão Colombo descobriu a América em 1492. Lá, embaixadores, lordes e barões disputavam espaço com a realeza do Oriente Médio – o príncipe árabe Turki Al Faisal dividiu mesa com Garnero –, titãs dos negócios como o presidente mundial do HSBC, John Bond, e até um Winston Churchill de carne e osso, neto do original. Ali Bush reencontrou John Major, primeiro-ministro britânico que recepcionou os líderes mundiais na reunião do G7 de 1991.

Horas antes, um grupo seleto subiu, em elevador com detalhes em ouro, ao quarto andar da residência situada no número um da Cadogan Square. O endereço foi adquirido há exatos 30 anos por Washe Manoukian, então um arrojado mercador, armênio nacionalizado libanês, amigo e parceiro de negócios do sultão de Brunei, naquele tempo apontado como o homem mais rico do mundo. A amizade acabou nas raias dos tribunais nos anos 90 e hoje os dois rivalizam em, digamos, prosperidade. Ao lado do conterrâneo Sarkissian, Manoukian ofereceu um coquetel de tirar o fôlego. A vista do luxuoso terraço era deslumbrante, mas os olhos dos convidados se fixaram muito mais nas paredes internas da sala de estar contígua, limitadas com batentes em ouro. “Oh my God!”, exclamava Georgette Mosbacher a todo momento, espantada com a riqueza da pequena amostra do acervo do anfitrião – talvez equivalente em valor à fortuna da milionária. Três Renoirs dividiam uma das paredes com um Degas e um Modigliani. Dois Pissaros estão suspensos no lado oposto. Pietri, também um colecionador de porte, apaixonou-se pela pequena tela com uma paisagem nevada da cidade de Eindhoven, na Holanda. O autor: Van Gogh. “Não sou um comprador profissional, que estuda o mercado. Compro por impulso”, afirmou o francês à DINHEIRO. “Se cruzo com uma tela dessas em um leilão, não sei até onde posso ir”. Centenas de milhões de dólares estavam expostos ali, mas há muito mais na casa. Manoukian desculpou-se por não poder exibir tudo. “Os outros andares estão fechados por exigência da segurança”, explicava. Olhos mais atentos ainda perceberam, pelo vão de uma porta entreaberta, um enorme Picasso pendurado, no térreo, atrás da mesa de trabalho do magnata de US$ 4 bilhões – cujas propriedades na Inglaterra só perdem em valor e quantidade para as da rainha.
Hugh Thompson
MENSAGEM REAL O homenageado era Bush, mas o príncipe Andrew preferiu destacar Garnero e o Brasil
O EXPRESSO PARA O ORIENTEManoukian e Sarkissian, influentes nas antigas repúblicas soviéticas ricas em petróleo, são, a exemplo do russo Deripaska e do chinês Tang, os co-pilotos do Expresso Oriente que Garnero quer liderar. “As melhores oportunidades no momento estão na China e na Eurásia. Temos de levar as empresas brasileiras para lá”, diz Garnero. O embaixador informal do Brasil mostra que tem ferramentas e prestígio para isso. “Com o passaporte carimbado pelo presi-
dente Bush e o duque de York, qualquer porta se abre para nós”, discursou ele no Palácio St. James, em agradecimento à recepção pelo Príncipe Andrew. A palavra do brasileiro é ouvida e repetida.
Ao apresentar Aécio Neves a Bush na casa dos Rothschild, por exemplo, Garnero referiu-se ao governador como provável futuro presidente do Brasil. Durante os dias seguinte, o ex-presidente americano manteve na lapela um pequeno broche com a ban-
deira de Minas Gerais. No salão real, ao discursar, Bush citou
a presença do “futuro presidente do Brasil”.


ECONOMIA Quarta-feira, 26 de maio de 2004
PESOS PESADOS NO CONSELHO
1- Sheik Al-Khalifa: vice-presidente
da Bahrein Petroleum
2- David Tang: rei da seda na China e sócio de uma cadeia de varejo de luxo
3- Nemir Kirdar: controlador
do Investcorp, com ativos de
US$ 2,7 bilhões
4-Youssef Al-Ibrahim: ex-ministro
das Finanças do Kuwait
Hugh Thompson Hugh Thompson
Hugh Thompson Hugh Thompson

SUPERANFITRIÕES
1- Washe Manoukian: império
de US$ 4 bilhões e Renoirs,
Van Gogh na parede
2- Lorde Rothschild: jantar na casa que foi dos ancestrais da princesa Diana
Hugh Thompson Hugh Thompson

OS NOVOS CONSELHEIROS
1 Nicolas Berggruen: fundo
de US$ 2,5 bilhões e interesse
na mídia no Brasil

2 Georgette Mosbacher: império de US$ 300 milhões em cosméticos e spas
Hugh Thompson Hugh Thompson

O HUMOR E A AGONIA DE BUSH
Vitalidade: em ótima forma, aos 80 anos
Às vésperas de completar 80 anos, o ex-presidente americano George Bush demonstrou em Londres uma vivacidade invejável. Para prestigiar o amigo Mário Garnero, enfrentou animado uma maratona de eventos em ritmo de superstar. Em cada um deles, foi abordado dezenas de vezes para posar, em fotos, ao lado de nobres e plebeus, concedeu autógrafos e distribuiu charme em todas as direções. Seus discursos e as conversas em diversas rodas foram sempre recheados de humor – com a marcante presença, nas histórias, de Barbara, sua mulher, que desta vez não o acompanhou –, à exceção dos momentos em que tratava da presença americana no Iraque, sob as ordens de seu filho, o atual presidente George W. Bush.
Diante do inevitável tema, saía de cena o político
carismático, dando lugar ao pai angustiado.

AS CRÍTICAS AO FILHO. “A questão do Iraque, para mim, não é política ou econômica. É pessoal. Quem é pai sabe do que estou falando. Não há angústia maior do que ver seu filho ser criticado e não poder fazer nada.”
A CRISE NO IRAQUE. “Vivemos, sem dúvida, um momento difícil e complexo no Iraque. A questão é que está havendo uma exploração muito grande dos aspectos negativos. Ninguém fala, porém, que os iraquianos vivem hoje em maior liberdade, que não são subjugados pela vontade de poucos.”
O MEDO DO TERROR. “Várias vezes, depois dos atentados de 11
de setembro, ouvi a mesma pergunta: ‘Como ser otimista em um cenário como esse?’ Minha resposta é sempre a mesma. Não vai acontecer de novo se lutarmos juntos pela democracia. Temos visto avanços significativos nessa direção em vários países, como a China, a Tailândia, Taiwan e Coréia. O processo de aperfeiçoar a democracia e criar um mercado internacional sustentável deve ser permanente, nunca acaba.”

SAUDADES DO PODER. “Encontrar com gente como Margareth Thatcher me traz ótimas recordações. Sinto falta da convivência com os grandes líderes mundiais.”
O DIA MAIS FELIZ. “Tenho um filho presidente e um filho governador, sou um homem realizado. Logo depois da eleição do presidente (ele agora se refere ao filho George dessa forma), eu
e Barbara voltávamos da Flórida para nossa casa no Texas. Em
certo momento, virei para ela e disse: ‘Esse é o dia mais feliz de minha vida”. Fez-se um longo silêncio. Até que ela me indagou:
‘E o dia do nosso casamento?’”

A IDADE. “Completo 80 anos no próximo mês e gostaria de comemorar de uma maneira especial. Fui pára-quedista na II
Guerra Mundial e desde então só voltei a saltar umas poucas
vezes. Agora, pensei foi em voltar a saltar. Barbara, minha
mulher, não quer nem ouvir falar. Disse a ela: ‘De uma forma
ou de outra, será meu último salto’.”


"A Soberania compartilhada chega às FFAA"

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO "O MAQUIAVEL 33"
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA "O MAQUIAVEL 66"

Diplomacia


Jornalista  Fernando Rodrigues (*) 
" WASHINGTON Depois da abertura econômica, há agora uma grande aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos também na área militar. O sinal público mais evidente é a amistosa visita que o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, faz nesta semana (de 26 a 30 de junho) ao secretário da Defesa dos EUA, William Cohen.
É comum ouvir em Brasília e em Washington que nunca os militares brasileiros estiveram tão próximos dos norte-americanos desde 77, quando o então presidente Ernesto Geisel rompeu um acordo de cooperação nessa área entre os dois países.
Geraldo Quintão não chega a tanto. Mas comemora. "As relações na área militar são boas. E tendem a melhorar mais", disse ele em Washington.
Na nota de Geraldo Quintão, chama a atenção o seguinte trecho: "Nunca na história Brasil e Estados Unidos tiveram relações tão densas em vários campos de entendimento, reforçadas pela facilidade de diálogo entre os Presidentes Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso. É natural, portanto, que o estreitamento seja também estendido ao campo da defesa".
Essa aproximação é mais um ponto de convergência entre Brasil e Estados Unidos durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Primeiro foi o alinhamento à política econômica predominante no mundo ocidental, de caráter liberalizante e privatista. É certo que o Brasil ainda continua tendo um Estado muito mais intervencionista do que os EUA, mas FHC abriu o país como nenhum antecessor seu havia ousado.
Agora, quase 25 anos depois do rompimento protagonizado por Geisel na década de 70, consolida-se no governo tucano a adoção do paradigma norte- americano para reorganização das Forças Armadas no período pós-Guerra Fria.
Sob FHC, o Brasil passou a ter pela primeira vez um Ministério da Defesa, comandado por um civil. Era uma sugestão antiga dos EUA. Também no governo FHC foi criada a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), ligada à Presidência da República. Outra recomendação dos irmãos do norte, que avaliam ser necessária a intervenção direta do presidente da República quando o assunto é combate às drogas.
No dia 2 de junho, o Brasil também acabou aceitando a assinatura do Protocolo 505, um acordo pelo qual os EUA se comprometem a doar material bélico usado, sob condições.
As condições 
Essas condições do Protocolo 505, curiosamente pouco noticiadas pela mídia, eram o grande obstáculo para que o Brasil continuasse a resistir a assinar o acordo. Outros 86 países já eram signatários. O Brasil é o de número 87 embora ainda seja necessária a aprovação pelo Congresso, o que não tem data marcada.
Ao receber as doações de material encostado pelos norte-americanos, o Brasil se compromete a abrir seus quartéis para inspeções regulares. Essa é a condição que uma ala dos militares brasileiros considera como quebra de soberania.
O governo dos EUA exige que as armas e o material doado sejam usados apenas para os propósitos que estiverem descritos no termo de repasse. Nada pode ser vendido ou cedido para terceiros. Para checar se isso está sendo cumprido, exigem verificação dentro dos quartéis no Brasil.
Para satisfazer o Brasil, e aplacar as críticas dos nacionalistas, o governo dos EUA aceitou a redação de um adendo (uma "side letter") especificando que as inspeções seriam feitas sempre em datas pré-agendadas com as Forças Armadas brasileiras.
Essa "side letter" supostamente afasta o risco de militares brasileiros serem surpreendidos por uma equipe de inspeção dos EUA, que chegaria sem avisar com antecedência.
Ainda assim, mesmo com todos esses cuidados, chamou a atenção o fato de o Protocolo 505 ter sido assinado quase de forma clandestina, sem qualquer tipo de divulgação por parte dos militares brasileiros.
Como alguns jornais publicaram notas a respeito, houve necessidade de o Exército emitir um comunicado oficial para seu pessoal de elite. O texto releva as imposições norte-americanas, mas não deixa claro qual tipo de acessos os estrangeiros terão dentro dos quartéis brasileiros.
O comunicado do Exército também não toca num ponto delicado do Protocolo 505: o incentivo à indústria bélica dos EUA.
Sim, claro, pois o material usado sempre necessitará reparos. E quem vende as peças sobressalentes são as empresas dos EUA _que tinham 86 países cativos nesse mercado. Agora, terão 87 consumidores fixos, com a assinatura do Brasil.
A viagem 
Apesar de algumas reações contrárias de uma ala dos militares, é irreversível a aproximação das Forças Armadas brasileiras com as dos EUA.
Em 99, esteve no Brasil o secretário de Defesa dos EUA, William Cohen. A visita de Quintão agora é uma retribuição da gentileza.
Na pauta de reuniões, três assuntos principais: o acordo de recebimento de armas usadas pelos militares brasileiros (Protocolo 505), operações de paz e combate a crimes transnacionais e cibernéticos.
Além disso, Quintão tem agendada sua participação em reuniões do Grupo de Trabalho Bilateral de Defesa Brasil-Estados Unidos. Esse grupo é resultado de um acordo assinado entre os governos dos dois países em 12 de novembro de 99, quando Cohen esteve em Brasília.
Na declaração sobre o acordo está escrito que o grupo "tratará de assuntos de interesse mútuo, relacionados com a defesa, identificados e estabelecidos previamente".
A maioria das pessoas imagina logo o óbvio quando lê e vê um acordo desses: são os Estados Unidos querendo manter sua presença e influência geopolítica na América Latina Certamente vão tentar, mais uma vez, engajar os militares brasileiros no combate direto ao narcotráfico.
Isso tudo pode ser verdade, mas há também um objetivo importante que até agora não é muito conhecido do Grupo de Trabalho Bilateral de Defesa Brasil-Estados Unidos. Trata-se da formação de quadros civis para a estrutura militar brasileira.
Até 99, nunca houve preocupação de formar civis para trabalharem dentro das estruturas militares. Civis e militares, do ponto de vista administrativo, eram, mal comparando, como óleo e água: não se misturavam.
Com a criação do Ministério da Defesa, em 99, passou a existir uma demanda por pessoal civil. Uma demanda urgente.
O Ministro omisso e conivente Geraldo Quintão nomeado pelo impatriota FHC
Basta relembrar o trauma que foi para FHC escolher seu primeiro ministro da Defesa. O então ex-senador do PFL do Espírito Santo, Elcio Alvares, teve imensas dificuldades para se impor perante as Forças Armadas. Acabou caindo, enredado num mar de acusações de toda ordem.
Seu sucessor, Geraldo Quintão, é outro que tem dificuldades para se impor. Em maio de 2000, o comandante da Aeronáutica, Carlos Batista, teve suas reclamações contra a política econômica publicadas pela imprensa. A reação de Quintão foi quase inexistente.
Com tantas dificuldades para encontrar um ministro adequado, é natural que essa limitação se estenda por toda a cadeia da burocracia do Ministério da Defesa.
O Departamento de Defesa dos EUA (o equivalente ao Ministério da Defesa no Brasil) deseja participar de alguma ação que ajude o Brasil a formar seus quadros civis especializados na área militar.
É um ótimo negócio para os norte- americanos. Prestam um favor (sic) ao Brasil. E conseguem influenciar na formação do pessoal que ocupará cargos-chave na burocracia militar brasileira.
“ Nada como fazer amigos e influenciar pessoas. "


O DI Diálogo Interamericano foi fundado em 1982, por iniciativa do banqueiro David Rockefeller. Seu endereço é  1211 Connecticut Avenue, Suite 510, Washington, DC 20036, tel. (202) 822-9002 begin_of_the_skype_highlighting            (202) 822-9002      end_of_the_skype_highlighting, Fax (202) 822-9553, site: iad@thedialogue.org. É composto por cidadãos oriundos dos EUA, Canadá,  México,  América do Sul  e Caribe.
Suas principais fontes de financiamento  são as Fundações Ford, MacArthur, a corporação Carnegie, American Airlines, Banco Itau, Bank America, Bank Boston, Chase Manhattan Foundation, General Eletric, Texaco, Time Warner, Trans-Brasil Airlines, USAID, BID, Xerox, Banco Mundial e outras. No ano de 1988, houve uma reunião ampla,  já acrescida de novos membros, em Washington, quando então foram acordadas as políticas e  estratégias a serem adotadas para domínio da América Latina e do Caribe, de onde surgiu a expressão “Consenso de Washington”
 TRAIDORES DA PÁTRIA
Obs.: O mais grave de tudo é que o Sr. Quintão foi receber as "informações" de que agora dispõe na ONG "DIÁLOGO INTERAMERICANO" (DI). O Diálogo Interamericano(DI):
Obs.: O sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva também se subscreveu na ata de fundação do DI.
O DI a cujo primeiro seminário o Sr. FHC compareceu, e cuja ata de fundação subscreveu no início da década de 80 é, por conseguinte, uma ONG ligada umbilicalmente a um órgão oficial do Congresso dos EUA, o Centro Acadêmico Woodrow Wilson (CAWW), mas suas verdadeiras finalidades estatutárias nos são desconhecidas. O que se sabe, seguramente, é que desde a sua criação o DI vem atuando diligentemente na difusão das teses da globalização, dasoberania limitada (ou relativa), do direito de ingerência, da interdependência entre as Nações, etc.,. (13) ( "O Complô ..." - ídem, ídem, ibídem - não-textuais)
Congruentemente, o DI também vem se dedicando ao proselitismo intenso e a outras ações político/ diplomáticas visando a:
- tornar aceitável pelos países ibero-americanos uma drástica diminuição dos efetivos e dos gastos militares, sob a alegação de que tais gastos desfalcam as verbas para a promoção social e para o desenvolvimento; e/ou
- que seja modificada a destinação constitucional das FFAA latino-americanas que, de suas funções tradicionais de Defesa/Segurança Nacionais, passariam a atuar supletivamente ou não - contra o terrorismo e o narcotráfico; no controle e defesa ecológica/ambiental; e nas ações de Defesa Civil e restrições de danos nas hipóteses de grandes sinistros e desastres ambientais, etc..
Além disso, uma das teses prioritárias do DI é a institucionalização de uma força supranacional interamericana, apta para "ações intrusivas" dentro de países ibero-americanos - sem a autorização destes - nas hipóteses de "graves violações dos direitos humanos e/ou de genocídio"; "combate ao tráfico de drogas ou ao terrorismo"; "restabelecimento da democracia" nos seus territórios; graves "desastres ecológicos" ou "crimes ambientais", etc., invocando-se como justificativa o direito de ingerência


Vamos reproduzir a seguir um pequeno trecho transcrito no livro "O Complô ..." [(pg. 79 e 80) onde é citado o famoso "Memorando Bush" que determina sejam eliminadas as Forças Armadas Ibero-americanas], 
(verbis) 
"..... o objetivo político é desmantelar as Forças Armadas de toda a Ibero-América, para deixar indefesa a região..." [encontra] "dois obstáculos importantes de tal plano: as Forças Armadas da Argentina e do Brasil, que seguem sendo baluartes de moralidade, espirito de desenvolvimento e propósito nacional e não se conformaram com o seu próprio desaparecimento." "Essa política da casta governante anglo-americana é apresentada e justificada, com todas as argúcias filosóficas, em um volume publicado em 1990 pela editora Lexington Books, intitulado "The Military and Democracy: The Future of Civil-Military Relations in Latin America (Os militares e a democracia: o futuro das relações cívico-militares na América Latina), editado por Louis W. Goodman, Johanna S..R. Mendelson, e Juan Rial." [todos eles do "Diálogo Interamericano" DI]
Essa tese do estudo, concebido e financiado pelo governo estadunidense, consiste de 17 capítulos escritos por outros tantos autores diferentes, pode ser resumida como se segue:
1. A  ' preparação para uma nova era entre as superpotências e a  política econômica internacionalista, tipo Fundo Monetário Internacional, exige a restruturação total das instituições militares ibero-americanas, sob supervisão estadunidense, e a criação [nelas] de uma nova cultura política civil. "
2. O principal obstáculo a isso é a perspectiva imperante, ao menos entre certas facções dos militares ibero-americanos, de modo especial na Argentina e no Brasil, de que (as FFAA) têm a missão nacional de defender os valores do Ocidente cristão... a honra, a dignidade, a lealdade... [e] salvaguardar e assegurar o processo de desenvolvimento. Na opinião dos autores, tal doutrina de segurança nacional é equivocada e perigosa. "
3. Essa perspectiva é qualificada de messiânica, fundamentalista, autoritária , patriarcal  e inflação ideológica... e considera que, no fundo das coisas, há uma luta entre o bem e o mal ..."
4. Essa filosofia (de Segurança Nacional) foi compartilhada e reelaborada pelas Forças Armadas do Cone Sul, [e] se dissemin[ou] pelo resto do sub-continente mediante diversas missões técnicas... . "
5. Deve-se extirpar essa corrente militar ética e suplantá-la com o pragmatismo e uma nova doutrina democrático-liberal... de estabilidade nacional, que defina aos militares uma nova missão mais estreita,... [n.r. formando militares estritamente profissionais e/ou organizando FFAA especialmente dedicadas às suas novas "missões", tais como atuar integrando "forças de intervenção internacional", e/ou na Defesa Civil em sinistros climáticos , e/ou em controle e restrição de danos ambientais.... etc.] .... "
Eis as transformações dos militares ibero-americanos a que se propõe o Departamento de Estado e o Diálogo Interamericano...
Coerente com essas idéias pregadas pelo DI, está a criação de Ministérios de Defesa em todos os Países da Íbero-América, com o objetivo explícito de institucionalizar uma Chefia civil hierarquicamente superior aos Comandos Militares das suas Forças Armadas (FFAA), o que representaria desde logo uma capitis diminutio social e política para o segmento militar e, ademais, traria a vantagem (segundo eles) adicional de afastar a influência direta dos Ministros Militares incuravelmente nacionalistas - sobre os Presidentes da República, medida considerada indispensável para neutralizar o arraigado "messianismo" das FFAA ibero-americanas, pois os militares desses países se julgam investidos da missão Providencial de Salvadores de suas Pátrias (e os seus povos também assim os consideram)." (13) ("O Complô ..." ídem, ídem, ibídem - não-textuais)
Aliás, neste tema o DI nem pode esconder que segue fielmente as ordens do governo dos EUA pois que, em 1995 durante sua visita ao Brasil, o Secretário de Defesa William Perry declarou a "O Globo" com descarada clareza que o seu governo "QUER CIVIS CHEFIANDO OS MILITARES NA AMÉRICA LATINA"
: (verbis) "O primeiro esforço foi no sentido de promover a democratização de toda a América Latina. O segundo, que correu paralela mas simultaneamente, foi o de fazer com que os governos adotassem a chamada economia de mercado, abrindo suas portas ao fluxo internacional de mercadorias, capitais e serviços. Agora, o Governo dos Estados Unidos está empenhado numa nova e delicada mudança estratégica na região: subordinar os militares a um comando civil. Ou, mais precisamente: fazer com que as Forças Armadas de cada país passem a ser lideradas por um Ministro de Defesa que seja civil. - A liderança civil do sistema de defesa fortalece tanto a democracia quanto as próprias Forças Armadas. Nós vamos incentivar isso, assim como a idéia de que haja uma transparência cada vez maior no intercâmbio de informações militares entre as três Américas" - disse ao Globo o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, William Perry."(14) ("O Globo" - 06-05-95)citado na Revista do Clube Militar (maio/99)
Somente essa interferência indevida e insolente (que pouco tempo depois foi repetida por outros personagens), já deveria ter sido mais do que suficiente para ser rejeitada a implantação do Ministério da Defesa por nossas autoridades.
Em junho de 1999, o Presidente FHC consumou a sua adesão a esta tese do DI, diligenciando para que esse modelo de comando civil do Sistema de Defesa Nacional fosse institucionalizado, enfrentando a resistência ostensiva e passiva dos militares. Contudo, promulgou essa modificação mediante um instrumento legal de nível inadequado uma Medida Provisória - o que contaminou de inconstitucionalidade a implantação da nova estrutura, que deveria ter sido precedida de uma reforma constitucional e de sua correspondente regulamentação por lei complementar, o que somente foi corrigido alguns meses depois. Quais os motivos que inibiram os Militares íntegros aceitarem passivamente esta inconstitucionalidade?

(*) Fernando Rodrigues, é repórter e colunista da Folha de S.Paulo em Brasília. Na Folha, foi editor de economia, e correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. "Aproximação Brasil-EUA chega também à área militar" - recebido via Internet- 28/06/00 www.uol.com.br/fernandorodrigues