- Democracia sólida, livre das ameaças que pairam ao menor sinal de turbulência política, e que não fique à mercê de aventureiros que, por quaisquer motivos, se julguem no direito de colocar em risco a sobrevivência do sistema político, tornando o País refém permanente dos golpistas de turno.
- Os princípios de hierarquia e disciplina, que regem as Forças Armadas, trazendo à tona a memória de eventos ocorridos em 1963, durante o governo de João Goulart. Na verdade, para além de constituir mais um episódio das conflituosas relações entre os poderes civil e militar que, desde o início da República, dão a tônica de nossa História Política, mostra que, mesmo depois de passados longos anos da
redemocratização, o risco de quebra da normalidade institucional permanece nas mentes dos brasileiros.
- Por outro lado, é também um traço característico dessa História o fato de que, periodicamente, acontecimentos nebulosos, às vezes violentos, mas sempre mal esclarecidos, e que envolvem ora civis, ora militares, desencadeiam crises políticas que colocam em xeque a frágil estabilidade de nosso sistema político.
- A esse respeito, não faltam exemplos. Entre os episódios envolvendo militares, podemos citar a morte de Wladimir Herzog e de Manuel Fiel Filho, em meados da década de 1970, nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo, e que provocaram o afastamento do Comandante do II Exército, e o inquérito sobre a responsabilidade pela explosão de duas bombas no Riocentro, em 1981, evento que levou ao irremediável enfraquecimento do governo do Gal. João Batista Figueiredo.
- Já entre os acontecimentos envolvendo civis, são notórios os casos de homicídios, como o de João Pessoa e o de Paulo César Farias; atentados, como o da Rua Toneleros e aquele perpetrado contra Prudente de Morais; documentos forjados, como o Plano Cohen; missivas falsas, como a Carta Brandi e aquelas atribuídas a Arthur Bernardes; rebeliões abortadas, como a de Jacareacanga; escutas
clandestinas, como se viu no episódio do “grampo” no BNDES, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; denúncias de falcatruas feitas por um irmão contra outro, como no caso de Pedro Collor de Mello; e os mais recentes, como as acusações do deputado Roberto Jefferson contra altas figuras do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e que levaram a uma verdadeira paralisia política durante o ano de 2005, bem como a divulgação da venda de um dossiê contra a candidatura de José Serra ao governo do Estado de São Paulo, em 2006.
- Na verdade, e embora eventos como esses sejam uma constante na vida política nacional, há em todos eles, uma nota marcante: nenhum foi devidamente apurado, permanecendo sempre uma aura de obscuridade que parece transformar a História do Brasil numa verdadeira novela policial inacabada.
- Dentre os inúmeros episódios não esclarecidos, um que merece destaque é a Rebelião de Aragarças, ocorrida em dezembro de 1959, e que colocou em perigo a sobrevivência do governo de Juscelino Kubitschek e o próprio cumprimento do calendário eleitoral, que previa a escolha de um novo Presidente da República em 1960.
- Na verdade, sabe-se muito pouco sobre o caso, e pesquisas minuciosas estão ainda por serem realizadas.
- A Revolta de Jacareacanga ocorreu em 11 de fevereiro de 1956, quando um grupo de oficiais da Aeronáutica, liderados pelo Major Haroldo Coimbra Veloso, partiu da Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro, com destino ao Pará, onde se revoltaram com o objetivo de depor Juscelino.
- Apesar de a insurreição ter sido prontamente debelada, os rebeldes obtiveram a solidariedade de diversos grupos militares, o que deixava claro que as feridas abertas com o malogrado golpe de 11 de novembro de 1955 ainda não haviam cicatrizado.
- Diante do episódio, Juscelino teria uma atitude conciliatória, concedendo anistia aos envolvidos e arrefecendo, temporariamente, os ânimos golpistas.
(Revista de Economia Política e História Econômica, número 09, dezembro de 2007).
O Brasil estava seguindo o caminho de potência como Nação independente
Nenhum comentário:
Postar um comentário